O volume de serviços no Brasil fechou 2023 com alta de 2,3% no ano, após uma elevação de 0,3% em dezembro, apontam os dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Na comparação com o mesmo mês de 2022, no entanto, houve queda de 2%, a maior desde janeiro de 2021. O resultado anual, porém, é positivo, fechando o terceiro ano consecutivo de crescimento, o que não acontecia desde o período 2012-2014.

No Rio Grande do Sul, o volume de serviços prestados teve alta, superando a média nacional. Em dezembro, o crescimento foi de 0,8%, acumulando alta de 4,4% em comparação com 2022. Em 2023, 25 dos 27 estados tiveram expansão na receita de serviços. O Rio Grande do Sul é o sexto Estado que mais influenciou no crescimento nacional, atrás de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Santa Catarina. São Paulo e Amapá foram os únicos estados que influenciaram negativamente o índice nacional.

Turismo também cresceu
A pesquisa também mostrou crescimento em atividades turísticas em 2023, com uma expansão de 6,9% ante 2022. Só em dezembro, o crescimento foi de 1,4%. No Rio Grande do Sul, as atividades turísticas tiveram um crescimento de 8,1% em dezembro e somou 3,2% de alta no ano. Nesse setor, o Rio Grande do Sul foi o terceiro estado que mais influenciou no crescimento de dezembro ante novembro, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Apesar do crescimento dos serviços e do turismo, a PMS indicou queda de 0,7% no transporte de passageiros em 2023, enquanto o transporte de cargas caiu 0,9% em dezembro, mas acumulou alta de 7,8% em todo o ano.

O IBGE não divulga dados por municípios. Em Pelotas, foram mais de cinco mil empresas do ramo de serviços abertas em 2023: 4.136 MEIs (Microempreendedores Individuais) e 934 pequenas e médias empresas novas registradas, segundo a Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação.

Fatores para o crescimento
O professor de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos, explica que o crescimento do setor de serviços é diretamente influenciado pela renda das famílias. “Quando a renda das famílias cai, as famílias deixam de consumir esses serviços, quando aumenta, elas voltam a consumir”, diz.

Entre os fatores que influenciaram positivamente na renda familiar estão a queda da inflação, o aumento do Bolsa Família, a queda da inadimplência a partir de programas como o Desenrola Brasil, e a diminuição da taxa de juros da economia, explica Passos. “Esses fatores fizeram com que as pessoas voltassem ao setor de serviços, passassem a ir mais no cabeleireiro e na manicure, voltassem com seus tratamentos dentários e tudo o mais”, avalia.

Consolidação das mudanças
Para João Carlos Lopes, proprietário de um bar tradicional no centro de Pelotas, 2023 foi um ano de consolidação das mudanças causadas pela pandemia de Covid-19, o que favoreceu o crescimento do setor. “A pandemia mudou os hábitos e os costumes do cliente do setor de bares e restaurantes. Antes da pandemia eram poucos que saiam cedo, tipo happy hour, e muitos saiam bem tarde para a noite”, relembra. “Isso ficou no passado, a vida noturna agora começa muito cedo e muito intensa até a meia-noite”, avalia. ​